Graças a ela
Alto do Lumiar, 28 de Setembro de 2005
Figura da casa
Ela sustenta a massa da penumbra
e é toda ela redonda como um mundo.
Tão contínua no espaço, luz da lua,
atmosfera tão íntima do amparo,
tão simples, tão tersa e tranquila,
primavera da alma imediata,
monotonia justa de água nua.
Ó perfeita seda concentrada,
adorável volume, e tão imersa
no imenso e no doméstico num acorde
de tesouros densos e suaves
que são todo o ser em fluência.
Graças a ela a casa tem espessura
de sombra e de silêncio e a transparência
de um universo, realidade amiga.
Ela avança entre as coisas e os sonhos
em dádiva incessante, tão humilde
que a harmonia se cumpre, absoluta.
António Ramos Rosa
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